Mudando com as estações - aprendendo a apreciar a mudança

Você já tentou resistir à mudança das estações? Talvez, como eu, você tenha crescido em um clima tropical e não tenha aprendido a curtir invernos frios desde muito jovem. Tentei fingir que o inverno não era grande coisa. Bem, aprendi do jeito mais difícil, sentindo nos ossos o gelo derretendo, levando o calor do meu corpo. Vestir roupas de inverno do Brasil realmente não era apropriado para o inverno em Ithaca.

Essa percepção foi um presente para mim: tendemos a considerar o que está bem na nossa frente como certo. Temos muito o que aprender e apreciar quando crescemos em um lugar que é quente o ano todo, assim como há muito o que aprender e apreciar quando crescemos em um lugar onde as estações do ano são distintas.

 O que aprendi com as mudanças das estações?

É novembro e já está nevando aqui em Ithaca. Isso nos traz a consciência de que as estações estão mudando e podemos encontrar os sinais em todos os lugares. No entanto, talvez metade das pessoas no mundo nunca tenha vivido a mudança das estações. Compartilhei minhas percepções e aprendizados pessoais em uma postagem anterior, quando nos mudamos do Brasil para os Estados Unidos (mais em Faça as malas para um propósito). Desta vez, compartilho a sabedoria de viver a mudança das estações.

A referência que eu costumava ter do que é passar frio mudou completamente quando nos mudamos para Ithaca. Aprendi que a roupa é realmente uma questão de sobrevivência. Foi progressivo, o aprendizado, a compreensão, a mudança de perspectiva. Muitas pessoas sem moradia no Brasil vivem nas ruas. Podemos expressar solidariedade fazendo e levando comida, cobertores, ouvidos para escutar, uma palavra de conforto. Onde estão as pessoas sem moradia neste inverno rigoroso de Ithaca? Pra onde eles vão? O que é insegurança? Quem são os vulneráveis? Um novo contexto, novas formas de pensar e agir.

Com a mudança das estações, é preciso se preparar para sobreviver. A mente está preparada para a mudança. Ninguém sabe quanto tempo ou quão difícil será o inverno, mas todo mundo sabe que o inverno está chegando. Ter tal previsibilidade talvez traga algum conforto. Então, progressivamente, comecei a apreciar as mudanças sazonais de uma forma que não esperava. Procurando os sinais de mudança, percebendo as folhas mudando de cor, a queda das folhas, as folhas secas se espalhando e se acumulando no chão, o vento soprando-as no ar. A beleza no processo de mudança, antes mesmo da estação chegar.

Como foi para mim preparar minha mente para a mudança das estações? Era como intencionalmente buscar a alegria em cada uma das estações. Até mesmo no inverno rigoroso.

  1. Minha primeira reação no primeiro inverno (que, aliás, foi um dos mais frios de Ithaca até então) foi “Não sabia que não sabia!” Aprendi que não estava pronta para aceitar a mudança. Como eu sei disso? Porque ingenuamente, tive que passar por uma série de momentos de quase congelamento e de ficar doente para aprender que mesmo as roupas mais pesadas que trouxe do Brasil não serviriam para o inverno de Ithaca. Vivenciei o inverno em um novo contexto! Minha definição de inverno se expandiu.

    2. Pronta para aceitar: VESTIR ROUPAS NOVAS - Quando finalmente consegui roupas adequadas, que diferença! É como mudar a maneira de pensar; precisamos mudar. Temos a tendência de nos apegar a coisas que não nos servem mais, às vezes porque era tudo o que sabíamos. Estou pronta para abrir mão de coisas que não ajudam mais? - Mudar o guarda-roupa para a próxima temporada não é um hábito que costumamos ter no Brasil. Temos potencial para usar as mesmas roupas o ano todo. Então esse foi um novo processo para nós. Um processo que tivemos que aprender.

    Como uma oportunidade de agradecimento pelas roupas da temporada passada: passando para os outros o que não cabe mais, dobrando e guardando as que usaremos no próximo ano, com isso, você cultiva o senso de gratidão e a lembrança de outros em necessidade.

    3. Pronta para abraçar - Para mim, assumir que cada estação significa mais do que tradições. É muito bom celebrar as tradições da temporada, relembrar a história e fazer uma festa coletiva! No entanto, o que teve um impacto mais significativo para mim foi o envolvimento, as ondas de engajamento e o cuidado genuíno que cada temporada inspira em cada um de nós de maneiras diferentes. É sobre como a singularidade das estações afeta as pessoas que torna a mudança ainda mais bela!

    4. Pronta para apreciar - Que mundo maravilhoso seria se todos nós pudéssemos abraçar nossa diversidade humana da mesma forma que celebramos e valorizamos a diversidade das estações! Cada um destaca uma perspectiva diferente da criação, enquanto cada um tem seu lugar e propósito.

    1. Descobri uma nova forma de valorizar a luz do sol e o ar livre! Buscando o aprendizado criativo na natureza e brincando ao ar livre! Reconectando-se maravilhosamente com a natureza. (Um agradecimento especial ao Programa STEAM in Nature Summer, que, mesmo em quarentena abriu suas portas à distância).

    2. A paixão por fazer terrários com as crianças começou no inverno (postagem no blog “Divertindo-se fazendo Terrários!”). Descobri uma nova forma de valorizar os momentos acolhedores dentro de casa com a família. Procurando maneiras criativas de desenvolver novas habilidades dentro de casa durante o inverno. Além disso, dar outro significado à conexão virtual durante esses tempos de Covid-19 e apreciar as conexões de pequenos grupos, estudos bíblicos, clubes do livro, aprendendo criativamente novas maneiras de construir companheirismo.

Aqui está a coisa mais emocionante que está acontecendo conosco. Quando viemos pela primeira vez à Ithaca, sentimos falta do clima quente constante do Brasil e não enxergamos a beleza das estações mais frias. Hoje, posso dizer que estamos crescendo no apreciar, buscando intencionalmente a beleza de cada estação. Como ver nossos filhos crescerem e valorizarmos cada momento especial que temos com eles, nos esforçando para criar esses momentos especiais a cada estação. Ao ar livre ou dentro de casa, com ou sem tecnologias, com o coração, a mente, a alma em tudo o que nos é dado no momento presente.

Aprendi a apreciar o processo de mudança rumo a um propósito muito mais amplo do que qualquer mente humana poderia imaginar. É aproveitar a jornada cultivando a gratidão, a compaixão e o senso de interconexão.

 

Com gratidão,

 
 
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